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Os amigos imaginários de Tebe

8 dez

O russo Dimitry Maximov vê o mundo com uma visão bastante particular, já que pilota aviões desde bastante jovem. Essa perspectiva aérea parece ter exercido uma influência peculiar na mente do rapaz, que não foi capaz de manter seus devaneios para si e entrou para o mundo da ilustração e da fotografia. Perturbando-se, porém, com os limites de uma arte ou da outra, experimentou unir as duas realizando intervenções ilustrativas em fotografias, fundindo essas duas linguagens de uma maneira orgânica e funcional.

Sobrevoar coisas e pessoas, vê-las ínfimas lá embaixo. Talvez daí venha o sentimento de solidão e fragilidade que alguns personagens de Tebe Interesno, como é conhecido, apresentam. Seus ambientes são, em geral, obscuros e permeados de certo grau de melancolia. No entanto, foram certamente de suas experiências em pilotagem que brotaram os bonecos gigantes, recorrentes em sua obra. São monstros de proporções colossais que, muitas vezes, destroem edifícios e construções e, contudo, pouco intimidam o observador. Surge em nós um sentimento estranho, encaminhado ali entre os vieses da pena e da raiva, que nos impede de repudiar o caos e a agressividade das imagens. Somos gravemente atraídos pelo buraco negro (talvez nem tão negro. Um tanto cinzento, quem sabe) das figuras, em cujo centro reside uma situação particular do artista, que também é nossa.